A cientista Ana Nascimento, cientista dos laboratórios de desenvolvimento de maquiagem e esmaltes da L’Oréal Brasil, falou sobre a relação de esmaltes e sua relação do objeto com a ciência, fazendo um contexto ancestral e motivador.
A cientista explicou, ainda, sobre o conceito de desenvolvimento da maquiagem e, principalmente, do esmalte no Brasil.
Notícias Relacionadas
Juliana Alves reflete sobre 21 anos de carreira: "Conquistei respeito e reconhecimento que não tinha antes"
"Aos 50, quem me aguenta?", Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro
Para Ana, “o conhecimento popular compartilhado entre dos povos indígenas e afrodescendentes ajudaram a sociedade a evoluir, a crescer” é isso também se faz presente nas ‘cores da moda’ e tendências.
Abaixo, segue a entrevista completa para você:
1) O conhecimento cientifico das mulheres negras e indígenas é ancestral. Nos seus trabalhos e pesquisas essa ancestralidade aparece como motivação ou é algo que você não pensa muito e foca no presente?
Na minha opinião, o conhecimento popular compartilhado entre dos povos indígenas e afrodescendentes ajudaram a sociedade a evoluir, a crescer e, sem dúvidas, me fizeram chegar aonde eu estou hoje. A primeira conexão com a minha ancestralidade foi a partir do meu cabelo e o acesso as receitinhas de vó com plantas, misturado a óleos e outros ingredientes nada convencionais que despertaram em mim a paixão por desenvolvimento de cosméticos. Então sim, a minha ancestralidade se conecta diretamente com a minha carreira como cientista.
2) O que você pode compartilhar com a gente sobre cores de esmaltes? As brasileiras tendem a escolher o que está na moda ou a personalidade fala mais alto? O que dá para saber sobre nosso comportamento nesse sentido?
Bom, quando falamos de cores em geral levamos em consideração tendências, comportamento de consumidor e a evolução como um todo no mercado de pigmentos e efeitos. As cores mais clássicas como vermelho, rosa, branco e nudes ainda são os queridinhos de uma geração. Por exemplo: só quem viveu nos anos 90 entende a história por trás de uma cor clássica de Colorama chamada Samba Juliana (hit da época) usada até hoje no estilo francesinha. Atualmente, existe uma explosão de cores no mercado de esmaltes, além de um universo de opções de nail art e um lugar como a internet cheio de referências para nos inspirar. Então, eu diria que parte das brasileiras ainda preferem as cores clássicas e neutras, mas temos uma nova geração de consumidores arriscando mais em termos de tons, efeitos e expressando sua personalidade na ponta dos dedos.
3) E as coleções? Como se cria uma? Quais são os parâmetros?
O conceito da coleção é desenvolvido pelo marketing de Colorama. Nesse momento é muito importante que o consumidor esteja no centro do desenvolvimento. Então através dessa persona que simboliza a consumidora de Colorama, é criado o conceito e a paleta de cores. O próximo passo é compartilhar esse briefing com o time que vai desenvolver o produto na prática. Eu, como cientista de Colorama, tenho como função desenvolver cores dentro da proposta inicial, mas que sejam diferentes de cores que já possuímos no nosso portfólio e que faça sentido com o conceito no geral da coleção.
Para isso, o conhecimento de colorimetria e tecnologia de esmaltes é essencial, pois além de chegar na cor final, trabalhamos em ajustes de cobertura, dureza e estabilidade do esmalte. Depois que todos os parâmetros estão aprovados, o time do operacional planeja toda a produção e distribuição em escala industrial e assim Colorama chega na casa e nos salões de todo Brasil.
4) E para as mulheres negras, todo tom cabe ou funciona a mesma máxima da maquiagem, de tons frios ou quentes?
Quando falamos de cores de esmaltes, eu diria que temos a liberdade de escolher a cor que quisermos, de acordo com evento, com o look escolhido, com o tempo ou até mesmo o nosso humor em determinado dia. Porém, sabemos que existem teoria de harmonização de cores baseadas em tons de pele e que são utilizadas por diferentes tipos de indústrias como a moda, coloração para cabelos, sapatos, entre outros. Eu sigo duas regras baseadas em colorimetria para escolher meu esmalte: 1) se eu quero chamar atenção para minhas mãos, eu escolho cores contrastantes ao meu tom de pele e 2) se eu quero só realçar as minhas unhas, mas sem chamar muito atenção eu escolhos tons mais clássicos (nudes, brancos e vermelhos) e que sejam mais próximos ao meu tom de pele. Pode seguir a dica é infalível.
5) Qual sua relação pessoal com os esmaltes? Tem cores preferidas?
Eu sempre amei pintar as unhas e ir no salão fazer as unhas de forma caprichada, isso é um luxo que hoje eu me permito semanalmente. Eu sempre digo que quando vou a pedicure, tenho a sensação de que tomei uns 3 banhos de uma vez só (risos). Então, a minha relação com pintar as unhas sempre foi uma relação de prazer, de me dar um presente, de cuidar de mim. E sim, tenho minhas cores preferidas – duas delas ainda não estão no mercado, mas Colorama vai trazê-las logo em breve. Porém uma cor que eu posso citar, pois já lançou é da nova coleção Bloquinho Colorama, o nome da cor é ‘Atrás do @”, um rosa bem alegre e cheio de personalidade, além dessa cor ser linda eu lembro que eu cheguei nela por acidente.
Criar cor é um processo além de artístico muito técnico, então as proporções dos pigmentos são de certa forma calculadas e para essa cor em específico eu acabei passando do planejado, para não perder o molho eu resolvi seguir até o final do processo e no fim ela combinou super com a coleção e decidimos seguir com ela. Espero que muitas brasileiras a amem essa cor tanto quanto eu.
Ana Nascimento foi entrevistada por Silvia Nascimento, jornalista e boss do Mundo Negro.
Notícias Recentes
Afrofuturismo sonoro: “ZUMBIR” propõe reflexão sobre identidade e resistência na comunidade negra
Final de semana celebra o Dia da Baiana do Acarajé com festival na Praça Mauá